Caros colegas na sequência da informação prestada na ultima mensagem deixo-vos aqui mais duas fotografias dos postais e dos selos personalizados que serão editados para anunciar o inicio do concurso literário "O Infante D. Henrique e o Algarve" no dia 26 de Setembro de 2009.
Breve história da Fortaleza de Sagres
O Promontório de Sagres situa-se numa óptima posição estratégica uma vez que, para além de guardar e proteger duas enseadas que constituem excelentes ancoradouros e pontos de desembarque, revela-se como um óptimo ponto de observação e controlo da navegação costeira entre o Mediterrâneo e o Atlântico. Por outro lado, este pedaço de terra que se prolonga pelo mar adentro constitui por si só uma posição defendida naturalmente pelas altas falésias, bastando uma pequena fortificação pelo lado de terra para o tornar praticamente inexpugnável.
Recuando ao ano de 1443, a 27 de Outubro, o Infante D. Henrique recebe de seu irmão, o regente D. Pedro, uma carta de doação do cabo de Trasfalmenar e uma légua de termo (Sagres e a sua região envolvente). Com efeito, o Infante, sendo conhecedor, provavelmente desde de 1415, das contingências à navegação provocadas pelos fortes ventos dominantes na região de Sagres, cedo se apercebeu da necessidade que as embarcações que dobravam o cabo sentiam em permanecer abrigadas nas baías e enseadas de Sagres. Esta permanência poderia arrastar-se por longos períodos, enquanto se esperava por ventos favoráveis à navegação. Deste modo, o Infante defendia a necessidade de se providenciar algum apoio a estes navegantes que, durante a sua espera, viam-se privados de mantimentos e de assistência religiosa.
Por outro lado, há que considerar ainda o importante peso estratégico que esta região possuía, uma vez que era ponto de passagem, praticamente obrigatória, para as embarcações, comerciais ou não, que faziam a ligação entre o Mediterrâneo e o Atlântico Norte, para além da sua proximidade com o Norte de África e das vantagens que daí poderia resultar para o projecto expansionista português nessa região e que havia começado com a conquista de Ceuta. Assim se explica o interesse do Infante pela região de Sagres, bem como a sua iniciativa de aí fundar uma vila fortificada que permitisse o apoio e defesa à navegação, à qual deu o nome de Vila do Infante. Esta fortificação henriquina é, muito provavelmente, a que podemos encontrar no desenho datado de 1587, cujo autor foi um expedicionário que acompanhou o corsário inglês, Sir Francis Drake, quando da sua devastadora incursão na região de Sagres e São Vicente. Apesar de se ter passado mais de um século após a morte do Infante, é muito provável que a fortaleza aí representada seja de fundação henriquina, isto porque, pela documentação disponível, não foram feitas quaisquer alterações à traça original da fortificação durante esse período, com excepção de dois baluartes que foram adossados à muralha em 1573 por ordem de D. Sebastião. Tratava-se então de uma muralha com características medievais mas já com algumas inovações destinadas ao combate com armas de fogo, pelo que é caracterizada como uma fortificação de transição entre a arquitectura militar medieval e a arquitectura militar moderna.
Com efeito, o desenvolvimento da artilharia e a plena utilização de armas de fogo em cenários de guerra marca o início de uma nova era no campo da estratégia e da arquitectura militar. A introdução do baluarte como elemento essencial de qualquer fortificação é a resposta, no campo defensivo, aos desenvolvimentos das técnicas ofensivas, pelo que a arquitectura militar entra definitivamente no período Moderno, surgindo as primeiras fortalezas e baterias “abaluartadas”. Os baluartes eram então estruturas, inicialmente de forma circular e, posteriormente de formas angulosas, que se destacavam nas muralhas. Pensados e projectados para o uso da artilharia moderna, situavam-se em pontos estratégicos por forma a permitir o tiro cruzado da sua artilharia, aumentando a sua eficácia e permitindo um poder de fogo considerável.
Em 1573, por ordem de D. Sebastião, surgem os primeiros baluartes na Fortaleza de Sagres. Dispostos nos extremos da muralha henriquina, protegiam a porta de entrada através do cruzamento de fogo entre si. Mais tarde, durante o reinado de Filipe I de Portugal (1581-1598), o monarca teria mandado construir uma torre sobre a barbacã henriquina, sob a qual se processava a entrada na Fortaleza através de um túnel que ligava a porta de entrada ao interior do recinto. No topo desta torre, ou Torreão Central, encontrava-se uma plataforma devidamente preparada para a colocação de peças de fogo, aumentando o poder defensivo da Fortaleza de Sagres. Todavia, o traçado da muralha permanecia inalterável, pelo que, apesar destas alterações, continuava ainda a ser uma fortificação de transição. Em 1621, o engenheiro napolitano, Alexandre Massai, propõe a construção de novos baluartes para a Fortaleza de Sagres, apresentando duas traças possíveis. Tratava-se de dois baluartes de maiores dimensões e mais amplos, podendo albergar um maior número de bocas de fogo. Mas, só após a restauração (1640), no reinado de D. João IV, é que se iniciam os trabalhos de construção de um novo traçado para a muralha e baluartes da Fortaleza de Sagres. Apesar de coexistir com a muralha henriquina, a nova fortificação apresenta já as características e a configuração de uma moderna fortaleza abaluartada. Contudo, a sua construção mantém-se incompleta por um longo período de tempo, para além de ter sofrido graves danos com o grande terramoto de 1755. Assim, só nos finais do século XVIII, em 1793/94, é que a Fortaleza de Sagres se encontra concluída, desta feita num novo traçado e configuração. A primitiva muralha henriquina foi finalmente demolida dando lugar a uma moderna fortaleza marítima pensada e construída para o combate com armas de fogo.
Uma vez que a anterior fortificação, para além de incompleta, se encontrava em avançado estado de ruína, foi necessário construir um novo sistema defensivo, cujo projecto assentou no método de fortificar do Marechal Vauban. Como veremos mais adiante, este consistia na perfeita aplicação de um complexo sistema de ângulos e medidas aos baluartes, por forma a que a posição destes na cortina, ou muralha, permitisse que o fogo cruzado das suas baterias obtivesse a maior eficácia, anulando os ângulos mortos nos sectores de tiro. Por outro lado, a implantação de um sistema defensivo deveria obedecer às características do terreno que o rodeia, tirando o maior proveito deste. Assim, em 1794, a Fortaleza de Sagres encontrava-se finalmente concluída, apresentando todas as características do sistema abaluartado moderno, totalmente pensado para o uso e combate com armas de fogo. Com efeito, as altas torres e muralhas medievais, construídas com enormes e maciços blocos de pedra talhada e lavrada, deram lugar a estruturas defensivas mais baixas e de maior espessura, feitas de argamassa e reboco, pensadas e construídas para melhor absorver o impacto dos projécteis inimigos, ao mesmo tempo que a sua artilharia, pouco acima do nível do terreno, apresentava um impressionante poder de fogo, cruzado e rasante, sobre o inimigo.
Mas, as diferenças em relação ao período medieval não se encerram somente na arquitectura militar. O desenvolvimento e uso corrente das armas de fogo no campo de batalha obrigou a uma reorganização da estratégia militar, nomeadamente no campo defensivo. Enquanto que no Período Medieval, as fortificações – castelos – destinavam-se principalmente à defesa das populações que habitavam o seu interior ou nas proximidades, no Período Moderno, as fortificações – fortalezas – destinavam-se sobretudo a garantir a defesa de uma área mais abrangente e não apenas de um determinado local, ou localidade, num sentido restrito. Deste modo, a implantação de uma fortaleza obedecia a um plano de defesa complexo, em que, através da comunicação e interacção de várias fortificações resultava aquilo que se designa por “linha defensiva”. E a Fortaleza de Sagres é precisamente o centro coordenador de uma linha defensiva, a qual se estende pelo extremo oeste do litoral algarvio. Neste sentido, mais do que uma Fortaleza, estamos perante uma Praça de Guerra, da qual dependem directamente os fortes da Baleeira, Beliche, São Vicente, Carrapateira e Arrifana.
Por outro lado, a Fortaleza de Sagres insere-se na categoria de fortaleza marítima. Mas, não é a sua localização junto da linha de costa que lhe confere esse carácter de Fortificação Marítima, mas o fim a que se destina, ou seja, toda uma estratégia voltada para a defesa da linha de costa e controlo da navegação. Devido a uma implantação no terreno essencialmente estratégica, apresenta dimensões mais reduzidas, comparativamente com as fortificações terrestres, uma vez que a sua função consistia em defender sectores de tiro específicos, neste caso, as enseadas de Sagres (Mareta, Tonel e Beliche), isoladamente ou em conjugação de fogos com outras fortificações dependentes. Em suma, e apesar dos objectivos a que se destina esta fortificação terem-se mantido ao longo do tempo, a Fortaleza e Praça de Sagres tem registado alterações bastante significativas na sua estrutura defensiva, tentando acompanhar os desenvolvimentos técnicos no campo da estratégia militar.
Recuando ao ano de 1443, a 27 de Outubro, o Infante D. Henrique recebe de seu irmão, o regente D. Pedro, uma carta de doação do cabo de Trasfalmenar e uma légua de termo (Sagres e a sua região envolvente). Com efeito, o Infante, sendo conhecedor, provavelmente desde de 1415, das contingências à navegação provocadas pelos fortes ventos dominantes na região de Sagres, cedo se apercebeu da necessidade que as embarcações que dobravam o cabo sentiam em permanecer abrigadas nas baías e enseadas de Sagres. Esta permanência poderia arrastar-se por longos períodos, enquanto se esperava por ventos favoráveis à navegação. Deste modo, o Infante defendia a necessidade de se providenciar algum apoio a estes navegantes que, durante a sua espera, viam-se privados de mantimentos e de assistência religiosa.
Por outro lado, há que considerar ainda o importante peso estratégico que esta região possuía, uma vez que era ponto de passagem, praticamente obrigatória, para as embarcações, comerciais ou não, que faziam a ligação entre o Mediterrâneo e o Atlântico Norte, para além da sua proximidade com o Norte de África e das vantagens que daí poderia resultar para o projecto expansionista português nessa região e que havia começado com a conquista de Ceuta. Assim se explica o interesse do Infante pela região de Sagres, bem como a sua iniciativa de aí fundar uma vila fortificada que permitisse o apoio e defesa à navegação, à qual deu o nome de Vila do Infante. Esta fortificação henriquina é, muito provavelmente, a que podemos encontrar no desenho datado de 1587, cujo autor foi um expedicionário que acompanhou o corsário inglês, Sir Francis Drake, quando da sua devastadora incursão na região de Sagres e São Vicente. Apesar de se ter passado mais de um século após a morte do Infante, é muito provável que a fortaleza aí representada seja de fundação henriquina, isto porque, pela documentação disponível, não foram feitas quaisquer alterações à traça original da fortificação durante esse período, com excepção de dois baluartes que foram adossados à muralha em 1573 por ordem de D. Sebastião. Tratava-se então de uma muralha com características medievais mas já com algumas inovações destinadas ao combate com armas de fogo, pelo que é caracterizada como uma fortificação de transição entre a arquitectura militar medieval e a arquitectura militar moderna.
Com efeito, o desenvolvimento da artilharia e a plena utilização de armas de fogo em cenários de guerra marca o início de uma nova era no campo da estratégia e da arquitectura militar. A introdução do baluarte como elemento essencial de qualquer fortificação é a resposta, no campo defensivo, aos desenvolvimentos das técnicas ofensivas, pelo que a arquitectura militar entra definitivamente no período Moderno, surgindo as primeiras fortalezas e baterias “abaluartadas”. Os baluartes eram então estruturas, inicialmente de forma circular e, posteriormente de formas angulosas, que se destacavam nas muralhas. Pensados e projectados para o uso da artilharia moderna, situavam-se em pontos estratégicos por forma a permitir o tiro cruzado da sua artilharia, aumentando a sua eficácia e permitindo um poder de fogo considerável.
Em 1573, por ordem de D. Sebastião, surgem os primeiros baluartes na Fortaleza de Sagres. Dispostos nos extremos da muralha henriquina, protegiam a porta de entrada através do cruzamento de fogo entre si. Mais tarde, durante o reinado de Filipe I de Portugal (1581-1598), o monarca teria mandado construir uma torre sobre a barbacã henriquina, sob a qual se processava a entrada na Fortaleza através de um túnel que ligava a porta de entrada ao interior do recinto. No topo desta torre, ou Torreão Central, encontrava-se uma plataforma devidamente preparada para a colocação de peças de fogo, aumentando o poder defensivo da Fortaleza de Sagres. Todavia, o traçado da muralha permanecia inalterável, pelo que, apesar destas alterações, continuava ainda a ser uma fortificação de transição. Em 1621, o engenheiro napolitano, Alexandre Massai, propõe a construção de novos baluartes para a Fortaleza de Sagres, apresentando duas traças possíveis. Tratava-se de dois baluartes de maiores dimensões e mais amplos, podendo albergar um maior número de bocas de fogo. Mas, só após a restauração (1640), no reinado de D. João IV, é que se iniciam os trabalhos de construção de um novo traçado para a muralha e baluartes da Fortaleza de Sagres. Apesar de coexistir com a muralha henriquina, a nova fortificação apresenta já as características e a configuração de uma moderna fortaleza abaluartada. Contudo, a sua construção mantém-se incompleta por um longo período de tempo, para além de ter sofrido graves danos com o grande terramoto de 1755. Assim, só nos finais do século XVIII, em 1793/94, é que a Fortaleza de Sagres se encontra concluída, desta feita num novo traçado e configuração. A primitiva muralha henriquina foi finalmente demolida dando lugar a uma moderna fortaleza marítima pensada e construída para o combate com armas de fogo.
Uma vez que a anterior fortificação, para além de incompleta, se encontrava em avançado estado de ruína, foi necessário construir um novo sistema defensivo, cujo projecto assentou no método de fortificar do Marechal Vauban. Como veremos mais adiante, este consistia na perfeita aplicação de um complexo sistema de ângulos e medidas aos baluartes, por forma a que a posição destes na cortina, ou muralha, permitisse que o fogo cruzado das suas baterias obtivesse a maior eficácia, anulando os ângulos mortos nos sectores de tiro. Por outro lado, a implantação de um sistema defensivo deveria obedecer às características do terreno que o rodeia, tirando o maior proveito deste. Assim, em 1794, a Fortaleza de Sagres encontrava-se finalmente concluída, apresentando todas as características do sistema abaluartado moderno, totalmente pensado para o uso e combate com armas de fogo. Com efeito, as altas torres e muralhas medievais, construídas com enormes e maciços blocos de pedra talhada e lavrada, deram lugar a estruturas defensivas mais baixas e de maior espessura, feitas de argamassa e reboco, pensadas e construídas para melhor absorver o impacto dos projécteis inimigos, ao mesmo tempo que a sua artilharia, pouco acima do nível do terreno, apresentava um impressionante poder de fogo, cruzado e rasante, sobre o inimigo.
Mas, as diferenças em relação ao período medieval não se encerram somente na arquitectura militar. O desenvolvimento e uso corrente das armas de fogo no campo de batalha obrigou a uma reorganização da estratégia militar, nomeadamente no campo defensivo. Enquanto que no Período Medieval, as fortificações – castelos – destinavam-se principalmente à defesa das populações que habitavam o seu interior ou nas proximidades, no Período Moderno, as fortificações – fortalezas – destinavam-se sobretudo a garantir a defesa de uma área mais abrangente e não apenas de um determinado local, ou localidade, num sentido restrito. Deste modo, a implantação de uma fortaleza obedecia a um plano de defesa complexo, em que, através da comunicação e interacção de várias fortificações resultava aquilo que se designa por “linha defensiva”. E a Fortaleza de Sagres é precisamente o centro coordenador de uma linha defensiva, a qual se estende pelo extremo oeste do litoral algarvio. Neste sentido, mais do que uma Fortaleza, estamos perante uma Praça de Guerra, da qual dependem directamente os fortes da Baleeira, Beliche, São Vicente, Carrapateira e Arrifana.
Por outro lado, a Fortaleza de Sagres insere-se na categoria de fortaleza marítima. Mas, não é a sua localização junto da linha de costa que lhe confere esse carácter de Fortificação Marítima, mas o fim a que se destina, ou seja, toda uma estratégia voltada para a defesa da linha de costa e controlo da navegação. Devido a uma implantação no terreno essencialmente estratégica, apresenta dimensões mais reduzidas, comparativamente com as fortificações terrestres, uma vez que a sua função consistia em defender sectores de tiro específicos, neste caso, as enseadas de Sagres (Mareta, Tonel e Beliche), isoladamente ou em conjugação de fogos com outras fortificações dependentes. Em suma, e apesar dos objectivos a que se destina esta fortificação terem-se mantido ao longo do tempo, a Fortaleza e Praça de Sagres tem registado alterações bastante significativas na sua estrutura defensiva, tentando acompanhar os desenvolvimentos técnicos no campo da estratégia militar.
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