Escritor maior do movimento neo-realista português, cuja obra marca, de modo notável , a literatura portuguesa.
Nasce nas terras do Douro, na serrana aldeia de Gestaçô (concelho de Baião), faz os primeiros estudos em Espinho seguindo para Coimbra, onde tira o curso de Regente Agrícola. Após uma breve e nefasta passagem por Angola, vai morar, recém-casado, em Alhandra. O seu empenho cívico nas colectividades operárias prolongar-se-á num envolvimento cultural, ligado ao teatro e às letras, reflectindo preocupações sociais e oposicionistas ao regime Estado Novo. Depois de poemas, crónicas e contos iniciais, Soeiro Pereira Gomes escreve o ímpar romance Esteiros (1941), narrativa consciente e realista sobre o trabalho dos “meninos” nos telhais na margem do Tejo, e dedicada esperança, aos “filhos dos homens que nunca foram meninos”. Grito politico ou gesto de amor, na indignação face à injustiça e miséria, de quem o humanismo se expressava, também, pela poética.
Nos encontros intelectuais e político-culturais com outros jovens neo-realistas de vila Franca de Xira, mormente nos “passeios culturais do Tejo”, a bordo da fragata Liberdade, partilhavam-se ideias e textos, canções proibidas e promessas de transformação em acções militantes, em tons de alegria comprometida. Como membro do Partido Comunista vai assumindo maiores responsabilidades no Ribatejo, sendo impelido, depois das greves de 1944, a entrar na clandestinidade, o que afecta a sua dedicação à escrita. Entre a grave doença e a escassez de cuidados de saúde adequados, e a resistência por um povo sofrido Soeiro Pereira Gomes prossegue com a escrita do romance Engrenagem e dos Contos Vermelhos (Refúgio Perdido, O Pio dos Mochos, Mais um Herói), entre outros contos, postumamente publicados em livros.
Autor de rara sensibilidade e lucidez, a sua generosa vida terminou aos 40 anos, em “vocação perdida”.
[Museu do Neo-Realismo]
Carta Circulada no dia do Centenário do nascimento de Soeiro Pereira Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário